Na tarde da última quinta-feira, 16 de agosto, o arcebispo de Natal, Dom Jaime Vieira Rocha, visitou o Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Norte (TRE/RN). Na oportunidade, Dom Jaime cumprimentou os membros da Corte Eleitoral e foi convidado pelo presidente da sessão, desembargador Saraiva Sobrinho, para discursar no plenário.

O presidente do TRE/RN destacou a importância da visita do arcebispo, afirmando ser uma honra em trazê-lo para o Tribunal. “A presidência não poderia deixar de suspender os trabalhos e registrar essa presença tão importante para esta Corte no momento em que nós estamos vivenciando uma disputa em alguns momentos acirrados, em algumas cidades”, destacou. E lembrou ainda que se conheceram na época em que o desembargador foi juiz Eleitoral de Pendências e Dom Jaime, pároquo do município: “Dom Jaime é aquela pessoa que nos dá tranqüilidade. Naturalmente eu acho que a violência desse mundo é tão grande em falta de uma ligação com Deus, de uma religiosidade, seja ela de qualquer ramo que você especifique. Eu buscava nele sempre esse apoio espiritual”.

Dom Jaime agradeceu a homenagem e falou sobre o papel da Igreja frente às instituições. “A Igreja tem o seu papel na sociedade, respeitando o pluralismo religioso, mas também na sua independência. É somar e cooperar em tudo aquilo que possa se constituir ações para o bem comum, e no Brasil, mais ainda, para o exercício pleno da democracia e da cidadania”. E continuou: “É muito importante que a Igreja proporcione às pessoas a oportunidade para o exercício pleno da sua cidadania, que elas sejam realmente sujeitos diretos e protagonistas do desenvolvimento e do bem comum e que as autoridades também estejam abertas para contar com a participação do povo na legitimidade da escolha e da exigência de homens probos para a geração e a promoção do bem comum e da vida plena para todos”.

Confira na íntegra o discurso do arcebispo Dom Jaime Vieira Rocha

“Quero cumprimentar com muito respeito e atenção a deferência e homenagem desta Egrégia Corte do Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Norte. Até porque estamos vivendo um tempo no Brasil nesse processo que cada vez vai se aperfeiçoando no exercício da democracia e da cidadania, às vésperas de uma eleição municipal, que envolve tanto as pessoas e, sobretudo, o trabalho e o papel tão elevado e importantíssimo do Tribunal Regional Eleitoral. Por isso, agradeço muito esta deferência do desembargador Saraiva Sobrinho, nosso presidente, e na pessoa dele, a todos aqui presentes a quem homenageio e agradeço a Deus, por tudo aquilo que Ele nos concede viver e certamente fruto de uma perseverança do bem na busca da dignidade humana. Enfim, de valores mais altos que certamente os colocaram aqui, cada um nesta Corte. E ainda agradecendo a oportunidade, esse era um dos tribunais que eu ainda não tinha podido visitar depois que cheguei a Natal. Ainda devo uma visita ao Tribunal de Contas. E com isto eu estabeleço esta relação institucional com autoridades, com as instituições, porque a Igreja tem o seu papel na sociedade, respeitando o pluralismo religioso, mas também na sua independência. É somar e cooperar em tudo aquilo que possa se constituir ações para o bem comum, e no Brasil, mais ainda, para o exercício pleno da democracia e da cidadania. Então que tudo seja para a glória de Deus! E ainda posso lembrar que ultimamente o Papa Bento XVI, em uma de suas audiências com um episcopal do mundo, ressaltava que é muito importante que a Igreja proporcione para as pessoas a oportunidade para o exercício pleno da sua cidadania, que elas sejam realmente sujeitos diretos e protagonistas do desenvolvimento e do bem comum e que as autoridades também estivessem abertas para contar com esta participação do povo na legitimidade da escolha e da exigência de homens probos para a geração e a promoção do bem comum e da vida plena para todos. Então é dentro desse contexto, do meu papel como pastor, aberto a todo o povo de Deus, com todas as diferenças religiosas, ao pluralismo religioso, mas também zelando pela presença pública da Igreja. Me perguntam o que é que eu dizia ao papa em Roma naquele dia 29 passado [julho] ao receber aquela insígnia dos arcebispos, que é o pálio, e eu dizia que ali eu comunicava ao santo padre que tinha sido muito bem acolhido aqui em Natal, que estava promovendo e zelando pela presença pública da Igreja através desses contatos de relações institucionais com as autoridades e as instituições que compõem a vida no Estado. E ele dizia que isso era muito importante e que deveria ser levado adiante. Então a minha palavra é esta. Que a graça e o amor de Deus esteja no coração de todos! Que o pleito aqui no Rio Grande do Norte seja realizado com toda tranqüilidade e o povo cada vez mais saiba escolher bem os seus dirigentes, os seus gestores! Muito obrigado por esta honrosa... Me sinto muito pequeno, não é para mim esta homenagem, mas ofereço a Nosso Senhor, porque tudo é para Ele e não para mim. Muito obrigado!"