Pensando em inclusão e acessibilidade, o Centro de Apoio ao Deficiente Visual de Mossoró promoveu, na última semana, um treinamento com urna eletrônica para os assistidos pelo Centro. A ação faz parte de uma parceria entre o projeto “Conhecendo a urna eletrônica com maior acessibilidade”, idealizado e coordenado pela professora do C.A.D.V., Tadja Andressa, e pelo cartório da 33ª zona eleitoral do Rio Grande do Norte, que cedeu a urna. 

A urna foi disponibilizada para o Centro, na segunda-feira (12) e permaneceu até a sexta-feira (16). Durante os testes, os participantes com deficiência visual puderam utilizar a urna assim como farão no dia da eleição. Eles digitaram os números de seus candidatos e antes de apertar a tecla “confirma”, os nomes dos candidatos digitados e dos seus suplentes eram informados através de um ‘headset’. Dessa forma, os eleitores puderam ouvir e se certificar de que haviam digitado corretamente o número e, em seguida, confirmavam o voto.

Mais de 50 pessoas beneficiadas pelo projeto participaram da ação. A professora Tadja reforça a importância da inclusão dessas pessoas no exercício da democracia e diz que o projeto “é uma oportunidade ímpar de refletir sobre o voto consciente e também enfrentar os desafios que porventura surgem na vida (dos participantes)”. E informa que “alguns alunos chegaram a mencionar em um dos momentos de discussão que nunca votaram com tanta inclusão como esse ano.” O teste foi realizado sem muita dificuldade pelos alunos, que consideraram positivas as alterações na urna que garantem a acessibilidade. 

Para João Ferreira, professor de informática do C.A.D.V., e um dos assistidos da instituição, o novo recurso irá reduzir as chances de confirmar o voto em alguém indesejado. "Para pessoa com deficiência visual, essa novidade de ter o nome do candidato em áudio é a certeza que quem enxerga tem ao ver a foto do candidato. Ouvir o nome do candidato representa essa certeza para a gente, que estamos votando na pessoa que escolhemos”, disse João.

O chefe do cartório da 33ª zona eleitoral, Luiz Sérgio, elogiou a ação e destacou a importância de haver esse teste para pessoas que necessitam dessa ferramenta. “O projeto é bastante elogiável, sem dúvida. De fato, facilita bastante, no momento do voto, sobretudo para aqueles que possuem alguma deficiência, ter passado por um primeiro contato com a urna e, assim, ter vindo a familiarizar-se, com antecedência, com seus componentes. A iniciativa possibilita isso e foi super bem recebida pelo público assistido pelo Centro de Apoio”, e finalizou dizendo que durante os dias em que a urna ficou no Centro, vários portadores de deficiência visual compareceram à sede do C.A.D.V. e simularam o voto com a utilização dos novos recursos de acessibilidade.

Acessibilidade na urna

Neste ano, no Rio Grande do Norte, 31.763 eleitores declararam possuir alguma deficiência, destes 6.120 (17,28%) disseram ter deficiência visual. Para atender a esses eleitores, as urnas eletrônicas que serão utilizadas nas Eleições 2022 contarão com novidades em termos de acessibilidade. O teclado é similar aos utilizados por telefones, ela oferece o sistema de escrita braile. A sintetização de voz foi aprimorada para as eleições deste ano, agora também serão falados os nomes de suplentes e vices, e será possível cadastrar um nome fonético. Além disso, foi incluída uma apresentação de intérprete de Libras na tela da urna, para indicar quais cargos estão em votação.