TRE-RN promove ação cidadã para indígenas Potiguara Katu
Nesta quarta-feira (26) o TRE-RN levou serviços cartoriais à comunidade indígena do Katu, no Espaço Indígena Potiguara Katu, zona rural de Canguaretama
A ação de cidadania foi realizada durante a manhã pela 11ª Zona Eleitoral, em parceria com a Assessoria de Comunicação e Cerimonial (ASCOM), Escola Judiciária Eleitoral (EJE) e Núcleo de Acessibilidade e Inclusão (NAI), com o objetivo de promover a inclusão de povos indígenas no processo eleitoral e permitir que esses eleitores pudessem informar no cadastro eleitoral, a etnia.
A juíza eleitoral da 11ª zona eleitoral, Dra. Daniela do Nascimento, comentou a importância de ações como essa para os indígenas atendidos pela zona: “É extremamente relevante essa saída de dentro do cartório para se aproximar da comunidade indígena da nossa cidade. Isso é também um reconhecimento dos direitos deles e uma demonstração de que a participação deles é necessária na construção da sociedade”. A chefe do cartório, Anna Pisco, também fez um balanço das ações: “Hoje nós conseguimos dar oportunidade para que essa população que mora um pouco mais distante do cartório, conseguisse atualizar o cadastro, principalmente colocando informações como etnia, escolaridade, atualizar de forma global o cadastro”.
Segundo o Censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população estimada de indígenas no Rio Grande do Norte é de 2.597 pessoas, distribuídas em 1.516 domicílios. Nas Eleições Gerais de 2022, 186 indígenas se candidataram ao todo pelo Brasil, e desse total, dois indígenas se candidataram no RN para os cargos de deputado estadual e 2º suplência de senador.
Foram realizados 21 atendimentos, dentre os serviços cartoriais oferecidos no atendimento ao eleitor: mudança do local de votação, inclusão da etnia no cadastro eleitoral, alistamento eleitoral, atualização dos dados eleitorais. Segundo o cacique Luiz Katu, a comunidade tem cerca de 140 famílias do lado de Canguaretama e mais 150 famílias que já estão no território de Goianinha, portanto a demanda total requer que outras ações sejam realizadas para atender todas as famílias.
A Justiça Eleitoral tem buscado promover a inclusão dos povos originários. Todo indígena, pode procurar o seu cartório eleitoral e solicitar a inclusão!
DEPOIMENTOS
“Hoje vou sair com o meu primeiro título!”, comemorou Jessé Carlos Cavalcante Soares. O jovem indígena de 16 anos tirou o seu primeiro título durante a ação e reforçou a importância da inserção de etnia indígena nos dados eleitorais: “A gente não pode abaixar a cabeça, tem que ter orgulho”.
Teresa Cristina Soares, a mãe do jovem eleitor, comentou: “Agora estamos sendo vistos, porque antes não éramos reconhecidos”, após inserir sua etnia nos dados eleitorais. “A gente se sente feliz de ver os nossos representantes, de ver que nossa origem está ali”, celebra Teresa Cristina.
INDÍGENA PIONEIRA
Wilinhene Cristina da Silva, mais conhecida na comunidade como irmã Lila, foi eleita vereadora no município de Canguaretama em 2016 e candidata à prefeita nas Eleições de 2020. Ela também foi a primeira indígena presidente de uma câmara de vereadores do Rio Grande do Norte. No pleito do ano passado, Wilinhene se candidatou ao cargo de prefeita.
Sobre a autodeclaração de etnia indígena, inserida a partir das Eleições 2022, a indígena comenta: “Acho muito importante essa abertura que veio para a nossa comunidade, para os nossos povos indígenas. Fui candidata nas Eleições de 2016, tive a oportunidade de estar ali como vereadora. Nesse primeiro momento não tinha ali ‘autodeclarada indígena’, não tive a oportunidade de me auto afirmar indígena.”
“Para a gente é gratificante, uma pessoa daqui levantar nossas histórias, nossas origens e se orgulhar delas. E a força faz toda a diferença! A gente precisa se orgulhar das nossas raízes e fazer com que a nossa voz possa repercutir dentro dos poderes. E saber que esse povo existe até os dias atuais”, destaca Wilinhene.